Por Amanda Audi, do The Intercept Brasil
O jornalista Denian Couto revirou os olhos e abriu um sorriso ao ser perguntado sobre o ator e militante petista José de Abreu no programa que comanda na rádio Jovem Pan de Curitiba. “O homem que cospe no rosto de uma mulher pode fazer a piadinha que quiser, pode falar sério, que eu não vou nem considerar”, disse, em tom revoltado, na manhã de 27 de fevereiro passado.
Dois dias antes dessa declaração, Couto havia sido procurado por um oficial de Justiça no estúdio da rádio. Foi intimado por ter ameaçado uma mulher de morte. Não foi caso isolado: o jornalista é acusado de agredir, física ou verbalmente, quatro mulheres com quem se relacionou. Ele e seu advogado negam, dizendo que as falas foram “tiradas de contexto”.
Couto é a principal voz de opinião das afiliadas da Jovem Pan e da TV Record no Paraná – no estado, ambas pertencem ao Grupo RIC, um conglomerado de comunicação que também é dono de rádios e tevês em Santa Catarina. Cumpre uma jornada exaustiva de programas das emissoras: pela manhã, está na rádio das 7h às 8h. Em seguida, participa do telejornal Paraná no Ar, na Record, em que também pilota um quadro semanal de entrevistas. Invariavelmente, tece comentários críticos à esquerda e favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro.
A intimação foi resultado do boletim de ocorrência registrado por Giulianne Kuiava, colega dele na Record. A direção do Grupo RIC tomou conhecimento do caso e chegou a ouvir o áudio da ligação em que ele a ameaça de morte. Mas não tomou nenhuma atitude – nem mesmo para impedir que os dois se encontrassem no local de trabalho. Pelo que apurei, decidiu tratar o assunto como um “problema particular” de ambos.
Veja também: Direito das mulheres: avançamos em 2018?
Jovem Pan e Record protegem apresentador que ameaçou matar ex publicado primeiro em https://catracalivre.com.br
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