Um dos métodos contraceptivos mais seguros, o Dispositivo Intrauterino, conhecido como DIU, ainda é motivo de muitas dúvidas. Afinal, quais os tipos existentes? Para quais mulheres são mais indicados? Trazem riscos?
Esse método contraceptivo consiste na utilização de uma haste maleável, que mede em torno de 3,5 cm de comprimento e é colocada na cavidade uterina da mulher.
Com relação aos tipos, existem o não hormonal (de cobre e de prata), que confere uma barreira mecânica ao acesso do espermatozoide ao óvulo, e o hormonal (Mirena), que além da anticoncepção pode ser usado no tratamento de algumas doenças. Exite ainda o Mini-DIU, criado para mulheres com úteros reduzidos ou por aquelas que nunca tiveram filhos.
Além de ser seguro, a grande vantagem do DIU é que ele não exige disciplina, como no caso da pílula, que precisa ser tomada sempre no horário habitual. Outra vantagem é que não gera custos adicionas depois da sua inserção.
Apesar disso, no Brasil, apenas 2% da população feminina usa esse método contraceptivo, enquanto que, na Europa, 25% da população em idade reprodutiva é adepta.
A ginecologista Fernanda Torras acredita que a falta de informação é uma das principais razões que justificam a não aderência das brasileiras a esse método. “Por exemplo, acreditar que é abortivo ou que pode deixar uma mulher, que ainda não teve filho, infértil”, cita a médica.
No Manual Global para Profissionais de Serviços de Saúde, a OMS (Organização Mundial da Saúde) esclareceu os seguintes mitos sobre os dispositivos intrauterinos:
- Raramente conduzem a uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
- Não aumentam o risco de contrair DSTs, inclusive HIV
- Não aumentam o risco de aborto espontâneo quando a mulher engravida depois do DIU ser removido
- Não tornam a mulher estéril
- Não causam defeitos ou malformações de nascença
- Não causam câncer
- Não se deslocam até o coração ou o cérebro
- Não causam desconforto ou dor para a mulher durante o sexo
- Reduzem substancialmente o risco de gravidez ectópica (complicação em que o embrião se forma fora do útero)
De Cobre, Prata ou Hormonal?
Para a médica Fernanda Torras, a escolha do melhor método anticoncepcional cabe sempre a mulher, já que ela saberá suas necessidades e restrições.
“Para quem busca um alto índice de eficiência, ele [o DIU] é uma ótima alternativa à laqueadura tubária (superior a 99% de eficácia) e traz alguns benefícios combinados, como a redução do fluxo menstrual – para o DIU Hormonal, e o tratamento de algumas doenças, como a endometriose”, explica.
Entenda melhor cada um dos tipos:
DIU de Cobre
O DIU de Cobre funciona basicamente provocando uma alteração química, que danifica o esperma e o óvulo antes que eles se encontrem. Esse tipo de dispositivo pode permanecer no corpo de 5 a 10 anos.
Segundo Fernanda Torras, esse tipo possui boa eficácia quando bem posicionado no útero. “O efeito colateral mais frequente é o aumento do fluxo menstrual devido ao processo inflamatório causado dentro do útero. O problema pode ser contornado com o uso de medicamentos”, afirma.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um risco conhecido, embora incomum, é que ele pode contribuir para ocorrência de anemia caso a mulher já tenha baixas reservas de ferro no sangue e o fluxo menstrual se intensifique.
Principais pontos do DIU de Cobre:
- Imediatamente reversível
- Sangramento mais longo e intenso e mais cólicas, especialmente nos primeiros 3 a 6 meses
- Pode ficar no corpo de 5 a 10 anos
DIU de Prata
Esse tipo possui a forma de “Y” não “T”, como o de cobre e o hormonal, e traz uma pequena porcentagem de prata misturada ao cobre, o que diminui o risco de oxidação e aumenta sua eficácia.
Embora ele tenha surgido como alternativa para evitar o aumento do fluxo menstrual e das cólicas, a maioria dos médicos relata que esse efeito não é observado na prática clínica e nem em estudos.
Principais pontos do DIU de Prata:
- Formato de “Y” proporciona maior conforto na inserção e remoção do dispositivo no útero
- A prata estabiliza o cobre e não o deixa oxidar
- Pode ser usado de 5 a 10 anos
DIU hormonal
O DIU Hormonal (Mirena) contém um hormônio, que vai sendo liberado no útero após a sua inserção. Diferentemente dos modelos citados anteriormente, esse tipo não deixa a mulher menstruar, porém, podem ocorrer pequenos sangramentos esporádicos.
Além disso, a vantagem dele é que pode ser usado como tratamento de algumas doenças, como mioma e endometriose.
Principais pontos do DIU Hormonal:
- Não deixa a mulher menstruar
- Pode tratar algumas doença ginecológicas
- Pode ser usado por até 5 anos
Quem pode usar?
Basicamente, todas as mulheres em fase reprodutiva podem usar o DIU, desde que não possuam infecções uterinas importantes, má formação uterina, câncer de colo de útero e distúrbios de coagulação.
Ao contrário das pílulas contraceptivas, o DIU não aumenta os riscos de trombose. “Na verdade, ele é um dos métodos mais indicados para as mulheres que já possuem uma propensão a ter esse tipo de problema”, afirma a Torras.
Preços
O modelo de cobre pode ser encontrado a partir de R$ 100. Já o DIU Hormonal custa entre R$ 600 e R$ 1.200, mas é necessário contabilizar também o custo do procedimento de inserção, que varia dependendo do valor cobrado pelo médico.
Acesso pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o DIU de Cobre nas Unidades Básicas de Saúde e nos hospitais públicos sem nenhum custo. As mulheres interessadas devem procurar uma unidade da rede pública mais próxima e levar o cartão do SUS.
O primeiro passo é agendar uma consulta com um ginecologista. Feito isso, esse médico irá encaminhar a paciente para uma consulta de planejamento familiar, onde serão apresentados todos os métodos contraceptivos disponíveis. Se o DIU for a opção mais indicada para essa mulher, ela passará por exames antes de agendar a colocação do dispositivo.
Veja também: Contracepção é um direito: SUS amplia acesso ao DIU no pós-parto
DIU de cobre, prata e hormonal: vantagens, desvantagens e preços publicado primeiro em https://catracalivre.com.br
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