O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atribuiu “parte considerável” das queimadas e áreas desmatadas na Amazônia Legal a “indígenas e caboclos”. Segundo o presidente, estas pessoas não poderão mais comer se abandonarem completamente estas práticas.
“Uma parte considerável das pessoas que desmatam e tocam fogo é indígena, caboclo. No nosso decreto, se proibir esses caras de tacar fogo, se chegar o decreto lá, se ele não fizer a agricultura tradicional ali, não vai ter o que comer. Ele vai viver da caça?”, questionou o Bolsonaro durante live no Facebook nesta quinta-feira, 16.
“Quase 60% do Brasil está ali na Amazônia legal. Como vai tomar conta de uma área como essa? O Pará é responsável por 40% das queimadas, muitas na mesma área todo ano, e mais no Norte, em Rondônia. Se não tivesse Amazônia legal, o número de foco de incêndio estaria lá embaixo. Estamos fazendo. Mesmo assim, pelo tamanho da região, é difícil de conter isso daí”, afirmou o presidente.
Desmatamento na Amazônia
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgados na semana passada, mostram que de 1º de janeiro a 30 de junho deste ano, o Brasil perdeu 3.070 km² de floresta amazônica.
A área devastada equivale a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Segundo Bolsonaro, o desmatamento e as queimadas seriam muito menores do que o divulgado pelo Inpe, pois as áreas desmatadas neste ano seriam as mesmas que sofreram esse processo no ano passado.
De acordo com o presidente, essas áreas que foram desmatadas tiveram um crescimento de mata nativa e agora foram novamente derrubadas. No entanto, Bolsonaro não explicou como isso seria possível, tendo em vista que está acontecendo um aumento do desmatamento no país.
A divulgação dos dados de desmatamento na Amazônia levou o governo a demitir a pesquisadora Lubia Vinhas, coordenadora-geral de Observação de Terra do Inpe. A dispensa foi assinada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
O departamento que ela comandava é responsável pelo monitoramento da devastação florestal no país.
Ricardo Salles fica
Durante a live, Bolsanaro defendeu a permanência do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles no comando da pasta.
“Ele quer desregulamentar muita coisa, não é permitir ninguém cometer crime. (…) São os homens do campo que garantem a economia, com quatro meses seguidos de recorde de exportação no porto de Santos com produtos que vêm do campo”, comentou Bolsonaro”, referindo-se a reunião ministerial do dia 22 de abril, onde Salles falou para aproveitar a pandemia para “passar boiada”.
Carta aberta a Mourão
Na semana passada, líderes de 38 grandes empresas brasileiras e estrangeiras e de quatro entidades setoriais do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria enviaram uma carta ao vice-presidente, Hamilton Mourão, pedindo para o governo federal combater o desmatamento no país.
Mourão também é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal
Na carta aberta, o grupo manifestou preocupação com o desmatamento e pediu providências efetivas e urgentes contra a devastação da Amazônia e dos outros biomas, inclusão das comunidades locais, valorização da biodiversidade e que a retomada da economia siga o caminho do baixo carbono.
O documento é uma resposta à campanha que o governo pretende fazer no exterior “para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações do governo em favor da proteção da Floresta Amazônica e do bem-estar das populações indígenas.
Os empresários não acreditam que uma campanha brasileira no exterior vai reverter a situação e alguns dizem que será apenas gasto de dinheiro público.
Bolsonaro culpa indígenas e caboclos por queimadas na Amazônia publicado primeiro em https://catracalivre.com.br
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