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sábado, 24 de outubro de 2020

Jornalismo de periferia: iniciativas ampliam cobertura e debate público

O acesso à educação e as mudanças socioculturais impactam (felizmente) o olhar do jornalismo. Um reflexo destas mudanças gradativas no Brasil é o surgimento do jornalismo de periferia, que busca trazer mais diversidade, representatividade e, claro, ampliar a cobertura de informações de interesse público.

Segundo o Atlas da Notícia 2019, realizado pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), 62% dos municípios não tem cobertura noticiosa. Assim, 18% da população brasileira carece de acesso a jornalismo local.

Nesse cenário, as periferias – lugares ao redor dos centros de poder político e econômico – sofrem com a desinformação, e ficam expostas ao preconceito de um jornalismo feito muito distante da realidade dos moradores das áreas periféricas.

Durante uma palestra no 3° Congresso Internacional de Jornalismo da Educação da Jeduca, no ano passado, o jornalista Vagner de Alencar, codiretor da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, correspondente de Paraisópolis desde 2010 e autor do livro “Cidade do Paraíso – Há vida na maior favela de São Paulo“, falou sobre como a mídia retrata a periferia de forma estereotipada e negativa. 

O jornalismo de periferia veio para ficar: conheça iniciativas

Blog Mural

A partir dessa realidade de discursos engessados e carregados de preconceitos, nasceram projetos que ampliam vozes pouco ouvidas na imprensa. É o caso da Agência Mural de Jornalismo nas Periferias, em que Vagner atua. Trata-se de uma agência de notícias, de informação e de inteligência sobre as periferias das cidades da Grande São Paulo.

Criado em 2010, como um esforço coletivo de cerca de 20 profissionais, blog Mural é hospedado na lista de blogs da Folha de S.Paulo. A cobertura é ampliada com o trabalho de muralistas, correspondentes que são residentes dos bairros e cidades que o veículo cobre. 

No site, eles contam que a proposta é conferir um novo olhar para a pauta, que considera as periferias dentro de suas diversidades. “Ao mesmo tempo em que deve ser apontada a falta de infraestrutura e serviços públicos, também é preciso dar destaque para movimentos culturais e outras iniciativas culturais, sociais, política e econômicas próprias que surgem das bordas da cidade”.

Aproveitando diferentes formatos, de vídeo, áudio e escrito, trazem aspectos que estão na rotina das pessoas, como os problemas com transporte público, ou ideias de rolês na periferia. Mas também discussões que estão fervendo no momento, como matérias especiais sobre a pandemia e sobre as eleições 2020, abordando aspectos particulares das vivências das realidades em pauta.

ÉNois

Fundada em 2009, a Énois é um laboratório e escola online de jornalismo voltada para jovens da periferia. Por meio do curso, estudantes experimentam formas de colocar o jornalismo em prática, da pauta à distribuição. As produções são distribuídas em veículos parceiros e cada jovem recebe uma bolsa-auxílio mensal para transporte e alimentação.

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Neste ano, vamos votar para vereadores e prefeitos, isso tudo em meio à pandemia do novo coronavírus, a Covid-19. Enquanto isso, aqui na quebrada tem sido cada vez mais importante comunicadores fazerem uma cobertura mais aprofundada e voltada para as periferias. Pensando neste aprofundamento da cobertura, o Eixo de Jornalismo Local da Enóis, em parceria com a Agência Mural, realiza uma série de encontros com os muralistas para falar sobre técnicas de jornalismo na cobertura das eleições. No nosso primeiro encontro, recebemos Pagu Rodrigues, indígena, socióloga formada pela USP, que falou sobre o processo eleitoral no município e temáticas de campanhas. E não paramos por aí. No segundo encontro, a advogada Luana Vieira, como ela mesma diz, “cria do Campo do Pitangui”, uma quebrada em Belo Horizonte (MG), “escureceu” dúvidas sobre o Orçamento Público. Mais dois encontros vem por aí! Logo, logo voltamos com mais novidades. Um salve!

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Nós, mulheres da periferia

Jornalistas moradoras de diferentes regiões periféricas da cidade de São Paulo formam um coletivo jornalístico independente. Os conteúdos são produzidos por mulheres e a partir da perspectiva de mulheres, trazendo a intersecção de gênero, raça, classe e território.

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Voz das Comunidades

O Voz das Comunidades foi criado em 2005, por Rene Silva dos Santos, um menino de 11 anos de idade, aluno de uma escola municipal. Por meio de um jornal, ele decidiu relatar tudo que acontecia na sua comunidade do Morro do Adeus, uma das 13 que formam o Conjunto de Favelas do Alemão. 

Periferia em Movimento

Das periferias da Zona Sul de São Paulo, em 2009, três jovens jornalistas (Aline Rodrigues, Sueli Reis Carneiro e Thiago Borges), criaram uma produtora de Jornalismo de Quebrada que gera e distribui informação dos extremos ao centro, ocupando espaços que antes não apareciam e garantindo o acesso a direitos.

Alma Preta Jornalismo

A agência de jornalismo especializado na temática racial do Brasil nasceu em 2015. O projeto surgiu de um grupo de jovens comunicadores da UNESP, que gostariam, além de informar, produzir conteúdos de utilidade pública que alcancem os anseios da comunidade afro-brasileira, entre reportagens, coberturas, colunas, análises, produções audiovisuais, ilustrações e divulgação de eventos.

Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso Enem do GUIA DO ESTUDANTE e tenha acesso a centenas de videoaulas com professores do Poliedro, que é recordista em aprovações na Medicina da USP Pinheiros.

 

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