Surge, então, aquele clique mental em quem está em busca de trabalho: por que não abrir o próprio negócio? Em seguida, todo o universo de vantagens dessa escolha aparece em flashes de um futuro profissional dos sonhos. Entre elas: não ter mais chefe pegando no pé; flexibilizar os próprios horários; só fazer aquilo de que gosta.
Mas será que esse mundo quase encantado existe mesmo? Quando se decide pelo empreendedorismo, claro que é permitido sonhar. Porém, ao mesmo tempo, é preciso ter os pés no chão e saber que não é nada fácil ser dono do próprio nariz na vida profissional.
Até mesmo porque não é bem assim que a coisa funciona. Os desafios e problemas pelo caminho do empreendedorismo são muitos; e vários dos benefícios desta escolha acabam sendo mitos.
Na semana em que se comemora o Dia do Trabalho, a Catraca Livre publica a série de reportagens #EmpreendedorismoReal para quem pretende abrir o próprio negócio, mas sem adotar crenças ilusórias sobre esta opção de vida.
Separamos algumas delas para uma análise mais cuidadosa sobre a ideia de que empreender é sempre a melhor saída quando está difícil arrumar um emprego.
1) Serei meu próprio chefe
Está cansado de tanta cobrança de seus superiores? Pois não se engane: abrir o próprio negócio não é garantia de que todas as suas relações no trabalho serão harmoniosas. “O empreendedor é posto emocionalmente à prova a todo instante”, afirma Hugo Cardoso, analista de empreendedorismo do Sebrae-SP. “Isso pode acontecer com a crítica ou o calote de um cliente, um fornecedor que não entrega o produto, um funcionário que se atrasa. É preciso saber lidar com diversos tipos de frustração, como a de uma venda ruim”, diz. De fato, você poderá se livrar das exigências de um superior; porém, terá de lidar com muitas outras, que vêm de várias frentes.
2) Terei mais tempo livre
Hugo Cardoso, do Sebrae-SP, desconstrói este mito em uma frase: “Você vai trabalhar mais”. Sabe aquela história do olho do dono? Pois então. Sobretudo quando os recursos não são abundantes, o empreendedor tem que se “virar nos 30” à frente do negócio. Se atua no segmento de alimentação, por exemplo, poderá ter de correr atrás dos fornecedores nos horários em que o estabelecimento esteja fechado para o público. Sem contar que, depois que o restaurante ou a lanchonete encerra o expediente, ainda há muito a ser feito, como o fechamento do caixa. E, nas horas de folga, lembre-se de que terá ainda que pesquisar inovações do setor, estratégias de marketing, crescimento da concorrência etc.
3) Só vou fazer aquilo de que gosto
Há uma grande diferença entre exercer uma atividade por hobby e como ganha-pão. “Cozinhar esporadicamente para meia dúzia de amigos é bem diferente de ter um restaurante”, avalia João Gabriel Hargreaves, diretor do Instituto Gênesis da PUC-Rio. Trocando em miúdos, um excelente cozinheiro não necessariamente será um empreendedor de sucesso na área de alimentação. Ainda porque abrir o negócio próprio exige outras habilidades e mesmo o cumprimento de obrigações que nada têm a ver com a atividade principal da empresa. É preciso lidar com pessoas, conhecer a legislação do setor, ficar de olho em equipamentos, controlar as finanças, dentre tantas outras funções do cotidiano do empreendimento.
4) É uma ótima chance de trabalhar com meus melhores amigos
Também pode ser uma boa oportunidade para perdê-los. Há boas razões para se lembrar daquela máxima de “amigos, amigos, negócios à parte” na hora de montar um negócio. Afinal, não se trata de se sentar à mesa do bar para bater papo; a missão, aqui, é bem diferente. E pensar de forma muito parecida, como costuma acontecer nas boas amizades, nem sempre é o melhor caminho para a empresa prosperar. A diversidade de pensamentos costuma ser salutar na hora de enxergar oportunidades ou saídas para problemas.
5) Esta é minha grande oportunidade de ganhar dinheiro
Sim, pode ser de fato. Mas não conte com grandes ganhos nos primeiros meses de empresa. Ou até anos. Em geral, os pequenos negócios levam um tempo para dar retorno efetivo. E há outra questão importante aqui: muitos empreendedores de primeira viagem confundem faturamento com lucro, como lembra Hugo Cardoso, analista de empreendedorismo do Sebrae-SP. Do que entra de receita, parte será usada para pagar todos os custos do negócio. Assim, não se esqueça de que o lucro da empresa é uma parcela menor de seu faturamento bruto.
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Mito ou realidade? Confira 5 frases sobre se tornar empreendedor publicado primeiro em https://catracalivre.com.br
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