Em nova declaração sobre a morte de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o presidente Jair Bolsonaro fez questão de deslegitimar o trabalho da Comissão da Verdade, que apurou crimes ocorridos durante a ditadura militar.
“Você acredita em Comissão da Verdade? Qual foi a composição da Comissão da Verdade? Foram sete pessoas indicadas por quem? Pela Dilma [Rousseff, ex-presidente]”, disse, nesta terça-feira, 30, ao ser questionado por jornalistas sobre o tema.
Na última segunda-feira, 29, o presidente afirmou: “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”.
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Felipe Santa Cruz disse, então, que acionaria o Supremo Tribunal Federal para que Bolsonaro explicasse sua grave declaração.
Logo após, Bolsonaro apresentou uma versão muito diferente da oficial: disse que o pai do presidente da OAB teria sido morto pela Ação Popular do Rio de Janeiro, que chamou de terrorista, e não pelo Estado, como consta na certidão de óbito. A declaração, desprovida de qualquer comprovação, contraria uma lei vigente e uma decisão judicial que reconhecem a responsabilidade da União no sequestro e desaparecimento do então estudante em 1974.
Aos jornalistas, Bolsonaro ainda chamou de “balela” documentos sobre mortes no período: “Nós queremos desvendar crimes. A questão de 64, existem documentos de matou, não matou, isso aí é balela”, declarou, segundo o G1.
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Sobre a acusação feita ontem, de que teria informações sobre a morte, disse não ter registros nem documentos e que sua versão está baseada em “sentimentos”. “O que eu sei é o que falei para vocês. Não tem nada escrito que foi isso, foi aquilo. Meu sentimento era esse”, disse.
Criada no primeiro mandato da ex-presidente Dilma, a Comissão da Verdade atuou de 2012 a 2014 e apontou 377 pessoas como responsáveis pela prática de tortura e por assassinatos durante a ditadura militar. O relatório teve como base depoimentos de militares e civis e também a apuração de documentos oficiais do período.
O ataque ao presidente da OAB foi feito porque Bolsonaro avalia que o órgão não tem interesse que se desvende quem seriam os mandantes do atentado sofrido durante a campanha de 2018. “A OAB não quer que se chegue aos mandantes da tentativa de homicídio minha. Tanto é que entraram com uma ação e o telefone dos advogados está lacrado. Porque se chegar lá, com certeza vai se chegar aos mandantes. Não é muito estranho, quatro advogados? Um chega de helicóptero em menos de 24 horas…”
Houve investigação do caso pela Polícia Federal, e o caso foi encerrado ao se concluir que Adélio Bispo, autor da facada, agiu sozinho e foi considerado inimputável por ter problemas mentais. A defesa de Bolsonaro decidiu não recorrer da decisão.
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