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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Dia da Mentira: a guerra dos jornalistas contra a milícia digital

Neste Dia da Mentira, foi divulgada, em detalhes, a operação nas redes sociais contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na qual seu nome apareceu associado à corrupção.

A revelação é do “O Globo”.

De acordo com levantamento do jornal, Maia foi citado no Twitter 684.333 mil vezes durante o período em que trocou farpas públicas com o presidente Bolsonaro.

Bolsonaro

O presidente da Câmara tem sido violentamente atacado por apoiadores do presidente, com hashtags como #calabocamaia, #impeachmentrodrigomaia e #maiarespeita o povo.

Essa é uma das descobertas de jornalistas em sua guerra contra as milícias digitais

A Folha já tinha denunciado como redes de WhatsApp foram usadas clandestinamente para impulsionar, usando Fake News, a candidatura Bolsonaro.
Denúncias na imprensa também fizeram o Facebook tirar contas associadas a perfis que disseminavam ódio e desinformação.
Agora, jornalistas do O Globo expuseram mais detalhes sobre esses esquemas secretos – e obrigaram o Twitter a tirar contas do ar.
Já é possível, usando robôs, rastrear com precisão como se processa, nas redes, a onda de ataques.
Foi o que o Globo fez com a ajuda do Laboratório de Estudos e Imagem de Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Chegou-se a esse perfil abaixo como difusor de Fake News. Entre as vítimas, o jornal O Estado de S. Paulo.

Entre os 4 milhões de seguidores do presidente Jair Bolsonaro no Twitter , o perfil @gomes28774783 chama a atenção. Sua atuação na rede social se restringe quase exclusivamente à defesa de assuntos de interesse do governo. Ele já chegou a fazer 16 tuítes em um minuto. Do dia 9 ao 27 deste mês, foi responsável por 3.170 publicações, o que dá uma média de uma a cada dez minutos.

Esse perfil fez parte dos ataques ao Estadão, com base em uma Fake News disseminada por Bolsonaro contra o Estadão, a partir de um post do site Terça Livre, editado por Allan dos Santos – um discípulo de Olavo de Carvalho.
Mais dois assuntos que mereceram uma operação especial: nomeação Ilona Szabó para um conselho do Ministério da Justiça, e na defesa da atuação de Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos.

A Fake News disseminada pelo site Terça Livre contra a repórter Constança Rezende do jornal O Estado de S. Paulo acabou se transformando em uma bomba contra as milícias digitais ligadas a Jair Bolsonaro.
Allan disseminou a mentira de que teria dito que o único objetivo de o Estadão revelar as contas secretas de Flávio Bolsonaro, via seu motorista Fabrício Queiroz, seria arruinar o presidente.
Depois dessa Fake News, a vida da jornalista virou um inferno, atacada e ameaçada de várias lados pelas redes sociais.
O repórter José Fucs, do Estadão, investigou as ramificações das milícias digitais e suas conexões com a família Bolsonaro e Olavo de Carvalho.

Aí se vê o caminho das ofensas contra jornalistas, políticos e até ministros como Ricardo Vélez e Sérgio Moro, o ex-ministro Gustavo Bebianno ou o vice Hamilton Mourão.

Nas eleições, até o MBL, grupo de direita, esteve da mira das milícias.

A máquina funcionou a pleno vapor nas eleições, não se limitando atacar a esquerda.

Mas adversários de Bolsonaro à direita como Flávio Rocha, João Amoedo e Geraldo Alckmin.

Neste momento, o STF mandou investigar a rede na internet responsável por ataques e ameaças a seus ministros.

Bolsonaro, seus filhos e alguns assessores palacianos e parlamentares envolvem-se diretamente nos ataques. E, por ora, de acordo com as informações disponíveis, sites e páginas como o Terça Livre, Isentões e Senso Incomum, que agem como se estivessem numa “guerra santa” contra infiéis, não estão recebendo recursos públicos para financiar suas atividades.

Na linha de frente dos ataques aos adversários e críticos de Bolsonaro e de Olavo figuram dois filhos do presidente – o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), responsável pela bem-sucedida campanha do pai nas redes e ainda hoje o principal administrador de suas páginas e perfis pessoais, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais ideológico da família e o mais ligado a Olavo. Ao lado deles, instalados no Palácio do Planalto, destacam-se o assessor internacional da Presidência, Filipe G. Martins, e os assessores presidenciais José Matheus Sales Gomes – criador dos sites Bolsonaro Zuero e Bolsonaro Opressor 2.0 na campanha e considerado o “gênio” das redes do presidente – , e Tercio Arnaud Tomaz, ambos ex-funcionários do gabinete de Carlos, na Câmara Municipal do Rio.

O jornalista José Fucs fez um mapa das ramificações das milícias digitais.

Os analistas que conhecem de perto o grupo mais próximo de Bolsonaro afirmam que Filipe Martins, um pupilo fervoroso de Olavo que foi introduzido no círculo bolsonarista pelas mãos de Eduardo, é quem está por trás de muitos ataques aos adversários e críticos do “professor” e do presidente. Eles dizem reconhecer o inconfundível estilo “jacobino” de Martins em vários dos ataques desfraldados por Olavo nos últimos tempos.

Quem conhece bem a forma de atuação do grupo afirma também que Olavo está sendo “brifado” em vários de seus posts por Martins e outros olavetes que ganharam cargos oficiais no atual governo e usado por eles para desferir ataques em todas as direções. Assim, Olavo dá a sua contribuição para preservar seus discípulos do desgaste inevitável que teriam se fizessem, eles mesmos, as publicações mais agressivas.

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