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segunda-feira, 30 de março de 2020

Em novo discurso, Bolsonaro normaliza mortes por coronavírus

Em sua nova aparição matinal em frente ao Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, 30, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) normatizou as mortes que irão ocorrer no Brasil por conta do novo coronavírus. Aos seus apoiadores que o esperavam na porta, Bolsonaro questionou: “Vamos enfrentar o problema? Ou o problema é o presidente?”, em coro, o público respondeu que “não”.

Uma senhora na plateia o interrompe: “Mantenha o Mandetta, presidente”. Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, está em maus lençóis nas últimas semanas, desde que Bolsonaro passou a contrariar suas orientações quanto ao que fazer na crise da covid-19.

Bolsonaro normaliza mortes por coronavírus em novo discurso

Mais uma vez se direcionando aos cerca de 15 apoiadores que o esperavam na saída, Bolsonaro questionou: “Vocês acham que morrerão gente (sic) com o passar do tempo?”. Um deles respondeu: “sim, normal, normal, normal”. E o presidente seguiu: “Vai morrer gente. Nós temos dois problemas: o vírus e o desemprego, e nós temos que tratar os dois com responsabilidade”.

Quando foi se dirigir à imprensa, o presidente deixou claro que não responderia a perguntas, e apenas seria ele quem falaria. “Estou ciente da minha responsabilidade, o vírus veio de fora pra dentro e temos que buscar uma solução para minimizar a situação. Vão morrer gente? (sic) Vai morrer gente!”.

Bolsonaro voltou a relativizar as mortes que já aconteceram que ainda irão acontecer no país, em detrimento da economia. “Parece que o problema é o presidente, é que o presidente tem responsabilidade e tem que decidir. Não é apenas a questão de vida, é a questão da economia, também.”

Sem base em dados científicos, Bolsonaro fez uma análise esdrúxula, e mostrou mais uma vez não se importar com os idosos, principal grupo de risco da covid-19. “O que nós vemos fora do Brasil, abaixo de 40 anos, quando é atingido, menos de zero vírgula alguma coisa porcento é que acaba indo em óbito, e mesmo assim quando tem doença pré-existente. O problema não é do presidente, é de todos nós. E quando a situação vai para o caos, é um terreno fértil para os aproveitadores chegarem ao poder e não mais saírem dele”.

Em resposta a um jornalista, que gostaria de saber a opinião de Bolsonaro sobre a postura do presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro foi categórico: “Eu não vou discutir. O Brasil é diferente de qualquer outro país do mundo”. Trump tem tomado atitudes bastante severas nos EUA quanto ao isolamento social, e hoje admite que a quarentena é a melhor opção para conter o avanço do coronavírus. Os EUA tornaram-se o novo epicentro da covid-19 no mundo, e já registram mais de 140 mil casos da doença.

Veja abaixo o discurso completo do presidente:

Veja também: Bolsonaro usa violência doméstica para criticar isolamento social

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