Não há idade certa para começar a cuidar da saúde, mas quanto antes melhor. Preservar o corpo nem sempre exige mudanças radicais na vida diária. Reduzir hábitos nocivos e introduzir novos e saudáveis elementos ao cotidiano já são um ótimo início e trará resultados a longo prazo. Há algumas décadas, o risco do colesterol alto tem aumentado, inclusive em crianças e pré-adolescentes.
“A combinação de alimentos ultraprocessados, fáceis de comer e baratos, além do sedentarismo, como o ‘tempo de tela’, elevam o colesterol e os triglicérides e a propensão a ter diabetes tipo 2”, explica a endocrinologista Cynthia Valerio.
Valerio é presidente do departamento de dilsipidemia e aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Ela está à frente da campanha de combate ao colesterol deste ano, que tem foco nas crianças.
Desembale menos, descasque mais
Segundo a especialista, o ideal seria ter três a cinco porções diárias de frutas, verduras e legumes. “Os petiscos ao longo do dia são as armadilhas”, alerta. “Cenouras, maçãs e alimentos que deem mais trabalho para mastigar estão entre os indicados para substituir os ultraprocessados, de fácil mastigação.”
“Ao comer carboidratos”, recomenda, “busque pelos integrais e acompanhados de proteína, como queijo branco, frango e peixe. Procure sempre misturar macronutrientes [nutrientes de diversos grupos necessários ao organismo].”
Valerio também afirma que ficar em jejum prolongado ou comer em pequenos intervalos não são leis pétreas e universais para a saúde. “Essa questão é muito individualizada.”
Além disso, existem questões hereditárias que não devem ser ignoradas, mas geralmente são. O colesterol familiar é um grande vilão que começa na infância e causa grandes males.
Hipercolesterolemia familiar
Apesar de a maneira como comemos ser fundamental para o bom funcionamento do corpo, algumas pessoas, incluindo crianças, podem ter colesterol alto devido a uma causa genética, chamada de hipercolesterolemia familiar (HF).
Em casos assim, uma dieta regrada não é o suficiente. Medicamentos devem ser usados, sob prescrição médica, para controlar o colesterol e prevenir doenças futuras. Se o problema for detectado e tratado desde a infância, é possível evitar o infarto do coração, que costuma ocorrer entre 40 e 50 anos.
Um histórico familiar de colesterol alto, infarto ou morte súbita, antes dos 55 anos para homens e antes dos 60 anos para mulheres, pode indicar HF. O processo de depositar gordura na parede das artérias começa desde a infância. Se não controlado, pode levar a complicações precoces de saúde.
Campanha contra o colesterol
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) realiza anualmente campanhas nacionais para a conscientização dos males provocados pelo colesterol. Neste ano, o foco é nas crianças e em pré-adolescentes.
O cuidado com a saúde, nunca é o bastante alertar sobre isso, deve ser constante e começar desde cedo. Dessa forma, evita-se a criação e a manutenção de hábitos nocivos, como a alimentação inadequada.
O colesterol alto é tão perigoso na infância quanto na idade adulta. Crianças de 2 a 8 anos obesas, com histórico de doença cardíaca, diabetes ou colesterol alto na família, devem ter seu colesterol dosado.
Segundo recomendação do Sbem, toda criança entre 9 e 12 anos de idade deve ter seu colesterol avaliado pelo menos uma vez. Além do fator hereditário, alimentação rica em gorduras, excesso de peso e sedentarismo causam colesterol alto em qualquer idade.
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